segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Roots Monday Roots – 16 de novembro de 2009

Mais uma segunda-feira em nosso caminho. A cada 7 dias ela aparece com grande precisão e pontualidade. Mas pelo menos na primavera, as manhãs costumam ser azuladas. Hoje decidi fazer uma experiência: vim caminhando para o trabalho. Acordei 40 minutos mais cedo “por conta” do experimento. Nunca tive preguiça de caminhar. Foram 60 minutos de percurso com direito a 15 minutos por dentro do parque Ibirapuera.

Estranho os comportamentos que encontramos no caminho. Pessoas apressadas, gente sonolenta, trânsito clássico em São Paulo, muitas, mas muitas pessoas correndo no parque; outros passeando com seus cachorros. O contraste estava presente a cada passo que eu dava. Ao atravessar a 23 de maio na frente do velho Detran, o viaduto Ceccilio Matarazzo se transformou num portal dimensional. Do lado do Detran em reforma pode-se ver despachantes fechando, barraquinhas de lanche que teimam em resistir a falta de velhos clientes que freqüentavam um dos órgãos mais burocráticos da cidade, uma avenida com mais de 10 faixas (dos dois lados) congestionada... ao entrar no parque toda a decadência e trânsito desaparecem imediatamente, dando lugar a uma turma preocupada com a saúde. São centenas de pessoas correndo, muitas numa cadência cômica descoordenada, outros apenas andando e pelo que percebi, só eu caminhava para o trabalho.

Mas nada como se tornar independente do carro, meio de transporte que transforma pacatos cidadãos em péssimos e desrespeituosos motoristas. Conversando com alguns amigos, sempre usamos uma desculpa genérica para classificar o caos do nosso convívio social: “o brasileiro é malandro, tem jogo de cintura, mas é Gerson, é folgado...”. Eu sou mais radical, nós convivemos ou talvez sobrevivemos num Brasil de burros. Isso mesmo, burros sem educação, sem o mínimo respeito ao cidadão e muito menos consideração a sua cidade. Seria leviano dizer que é de interesse dos governantes manterem seu povo iletrado, mas eu dou um passo adiante e acredito que todos têm livre arbítrio para tomar decisões e fazermos um pequeno esforço para aprender todos os dias alguma coisa.

Entretanto é muito mais confortável ser um malandro, uma pessoa com ginga do que atuar pensando socialmente. Infelizmente passamos longe das teorias de John Nash que prova que o melhor resultado para um grupo não necessariamente é a simples somatória do melhor resultado individual de cada componente do grupo. Já pensou nisso?

JK

2 comentários:

  1. Apesar de eu mesma não ser uma Furabreja, de tanto frequentar o blog já estou ficando especialista: começo a ler o texto q foi postado e, unicamente pelo estilo da escrita já reconheço quem foi o autor...
    O seu texto agora, por exemplo, já comecei a ler pensando: é o JK, rsrs...E não é que era mesmo?
    Muito pertinente o tema q vc tratou desta vez. Sua proposta de usarmos o livre-arbítrio para a cada dia aprendermos uma coisa nova me fez lembrar uma matéria ótima que assisti recentemente, e que me marcou muito.
    Um rapaz de origem humilde q trabalhava de faxineiro num condomínio de luxo, em SPaulo, estudava de noite (se não me engano, na área de tecnologia) e ainda passava as madrugadas terminando incansavelmente trabalhos e monografias. Tamanho o esforço e a postura altiva dele durante o trabalho (certamente que no próprio serviço de faxineiro ele tb deveria se comportar de uma maneira mto diferente dos colegas, até pela noção de que o tempo deveria ser bem aproveitado), que acabou por chamar a atenção de uma moradora do prédio, professora aposentada da USP. A senhora passou a ajudá-lo com livros e definiu lado a lado com ele as metas que deveriam ser atingidas.
    Na reportagem, ele mostrava os planos para o futuro com tamanha determinação, lucidez e disciplina que se tornou uma lição para mim. Não lembro mtos detalhes, mas lembro de algumas cenas gravadas dentro do quarto do moço, um lugar minúsculo, apertado, onde ele sorrindo, mostrava todo o orgulho pelas próprias conquistas. Quando penso em desanimar, lembro de pessoas assim...
    bj
    Marjô

    ResponderExcluir
  2. Alan,

    você sabe o que acho do Brasil, mas fazer o que, não é fácil conseguir cair fora desse país. Sempre tem hipócritas (comunistas enrustidos) que falam pra mim, "ué não tá satisfeito,vai embora"....acho que é aí que mora uma característica típica do brasileiro, a hipocrisia. Ao contrário dos ingleses ou de alguns outros europeus com pouca paciência, o brasileiro insiste em botar uma peneira na frente do Sol e achar que aqui tudo é bom e que tudo se dá um jeito.

    Outro dia mesmo vi uma pesquisa cretina feita por sei lá quem dizendo que o RJ é a cidade mais feliz do mundo. Manda entrevistar o carioca e vê se ele pensa assim. Brasileiro é assim, sabe que tem problema caindo de todo canto, mas finge que tá tudo bem. É isso que caga esse país e a atitude, educação, comportamento de todos.

    Como diria um amigo meu, EITA POVO FEIO.O pior é ainda ver brasileiro com moral pra falar mal de argentino. O argentino mais rampeiro tem mais repertório para conversas do que muito brasileiro bem formado e letrado.

    Bom é o que temos...quem sabe um dia re-colonizam isso aqui.

    Hravatska na cabeça !

    abração
    Marcus

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails