segunda-feira, 24 de agosto de 2009

AUTO RETRATO - um pouquinho de poesia para o beberrões do clã



O avesso a que me remeto –
espelho

Tangível cruel do desejante - imagem

Ferramenta pronta, adicta do desvendar-se. Será.

Inerente sua mecânica de utensílio?

Pura tolice.

Não há nada engendrado no artefato

que me faça crer nesse traduzir

Avesso de quê

Nada que me convença

que nele se instalarão as pegadas

ou fragmentos de memória

Geograficamente deserdado – sem PAI nem mãe.

Incrédula matéria.

Fixado, estampado, pendurado

ou ainda fincado de quina na areia

devorando ondas e nuvens.

Ainda assim um nada solene

um não espaço próprio

Não vivente condenado ao alheio

Tão somente o físico

que retém seu corpo distinto

de moléculas inconfundíveis.

Tempo nenhum instalado

guardado

traduzido no dispositivo cristal. Nada

E por que não acredito nele?

Mas se não acredito

é porque decidi diante daquelas conjecturas

por não acreditar

E se averigüei assim é porque considerei a possibilidade

ainda que remota, de o físico abrigar nesse corpo

(o avesso do tangível onde me revejo)

Uma existência viva – outra

Com suas outras

ruas

lojas

a última compra, fatalidades,

o mar.

Faz pouco, tão certo estava

de que não posso nele - artefato,

encontrar as tais crenças.

Como poderia - se o delimito

tão geometricamente,

se conheço sua cilada virtual

Insistir ver nesse retrato

uma curva que se faz longa e

calma por trás de meus cabelos

Insinuando uma rota para um mundo vivo onde o vento é suave.

Onde posso entender com prazer que esse avesso de mim é outro

Um outro no qual vejo as mesmas fantasias, e encontro tímido, o amor. Mulher.

Como imaginar a mágica dessa imagem

Fazê-la tão íntima e viva quanto me sei

Olho seu olhar, seus olhos profundos

E quando tudo se acalma me rendo ao avesso do avesso

que a imagem me dá

Quero esse lugar pra sempre. Agora sei que me quer também.

E sou quase tudo.

Quase Pai. Quase mãe.

(autoria Paulo Villar)

2 comentários:

  1. não entendi metade.. mas, me deu vontade de chorar mesmo assim.
    hehe
    G.

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  2. obrigado, Guga.
    depois eu traduzo pra vc.
    é um primeiro passo.
    rsrs
    abx

    ResponderExcluir

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