Queridos, Furas.
Como diz o programa: 'Senta que lá vem história'.
Antes de ser fotógrafo, queria ser escritor. Antes de ser escritor, menino ainda, queria ser piloto de corridas, já disse isso em outra postagem. E sonhava tudo isso carregando uma Voigtlander - câmera 135mm/reflex do velho João.
Porém, a vida empurra a gente e a gente carrega a vida. E meu primeiro dinheirinho ganho com o próprio suor foi com aulas particulares, essas ainda para meus próprios colegas de classe.
Imberbe era eu - 16 anos. Cobrava algo em tempos atuais, por volta de R$ 12,00 / hora. Imaginei-me bem sucedido ao contar 15 alunos/amigos na sala de nosso sobradinho bem classe média. Aos 20 anos já na FEI, lecionei desenho mecânico e física para uma escola subsidiada do SENAI. Dei um pé na FEI (muito chato como ensinavam engenharia afff!!). Fui parar na UNIP onde me formei em Literatura - Inglês e Português. E aos 27 anos fui contratado pelo Curso Objetivo, por conta das aulas divertidas e adrenadas - dinheirinho bão demaisssss do Sêo Di Genio.
Junto com as aulas, chefiava uma sessão com 25 estagiários no Banco do Brasil, onde concursei aos 23 anos. Era foda dormir 05 horas por dia e tomar cerveja com toda essa galera. Uhuhuhu
Por que tudo isso???
Porque os sonhos são latentes, podem adormecer mas continuam aqui dentro.
Como piloto, tenho meu PS3 - Gran Turismo, que dou várias voltas no FuraCoisa (ele tá fugindo do próximo desafio).
Como escritor, tenho comigo meus arquivos poéticos e sobressaltos da verve que de tempos em tempos me aflige e ganha o papel - Ops! Papel, não. Agora escrevo no meu lap - sinal dos tempos.
É o caso de 'O ESPELHO', que vocês podem ler logo abaixo.
O poema só se transforma em poesia depois que o leitor com sua cultura e emoção assim o permite. No cursinho fazia fórmulas pra galera passar no vestiba.
POESIA = POEMA + LEITOR
O Espelho
O avesso a que me remeto
– espelho
Tangível cruel do desejante
- imagem
Ferramenta pronta,
adicta do desvendar-se.
Será inerente sua mecânica de utensílio?
Pura tolice.
Não há nada engendrado no artefato
que me faça crer nesse traduzir
Avesso de quê
Nada que me convença
que nele se instalarão as pegadas
ou fragmentos de memória
Geograficamente deserdado
– sem PAI nem mãe.
Incrédula matéria.
Fixado, estampado, pendurado
ou ainda fincado de quina na areia
devorando ondas e nuvens.
Ainda assim um nada solene
um não espaço próprio
Não vivente condenado ao alheio
Tão somente o físico
que retém seu corpo distinto
de moléculas inconfundíveis.
Tempo nenhum instalado
guardado
traduzido no dispositivo cristal. Nada
E por que não acredito nele?
E se não acredito
é porque decidi diante daquelas conjecturas
por não acreditar
E se averigüei assim é porque considerei a possibilidade
ainda que remota, de o físico abrigar nesse corpo
(o avesso do tangível onde me revejo)
Uma existência viva – outra
Com suas outras
ruas
lojas
a última compra, fatalidades,
o mar.
Faz pouco, tão certo estava
de que não posso nele - artefato,
encontrar as tais crenças.
Como poderia
- se o delimito
tão geometricamente,
se conheço sua cilada virtual
Insistir ver nesse retrato
uma curva que se faz longa e
calma por trás de meus cabelos
Insinuando uma rota para um mundo vivo
onde o vento é suave.
Onde posso entender com prazer
que esse avesso de mim é outro
Um outro no qual vejo as mesmas fantasias,
e encontro tímido, o amor. Mulher.
Como imaginar a mágica dessa imagem
Fazê-la tão íntima e viva
quanto me sei
Olho seu olhar, seus olhos profundos
E quando tudo se acalma me rendo ao avesso do avesso
que a imagem me dá
Quero esse lugar pra sempre.
Agora sei que me quer também.
E sou quase tudo.
Quase Pai. Quase mãe
e você, o que viu de poesia nisso???
bjs do PV
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Paulo.
ResponderExcluirVaisefudê.
Sinceramente me emocionei com sua história.
vcs são tudo bixas...
ResponderExcluirmas, porra.
adoro qndo vc tá empolgado.
boa cumpadi
abs
G.
Paulitcho... Amei seu texto... seus versos... Amo suas fotos... Pqp, adoro tudo o que vc faz com amor, kct! rs
ResponderExcluirVilar... Depois dessa aula de fotografia aos avessos quero muito saber quando começará a próxima turma de amigos/alunos que irá novamente ensinar, não só a ver por uma óptica diferente mas também enxergando a beleza onde não necessariamente ela está.
ResponderExcluirEste fim de semana vamos escrever o programa do curso. Definir todo o cronograma e divulgar aqui. O Villar é mto poeta, se não tivesse eu por perto ele tava perdido. (hehehe)
ResponderExcluirabs
G.
Guguinha bixa.
ResponderExcluirNuri você sacou que falo tb de fotografia.
E pode se preparar que o CURSO - CONVERSANDO COM O FOTÓGRAFO, está para sair.
Lara, não fala assim que eu derreto, linda.
bjs
PV