por Zezé
Já faz tempo que os extraterrestres estão entre nós. Eu ainda não tinha nascido quando minha mãe topou com um deles. O ET não desceu de nenhum OVNI, não tinha cabeção nem corpo esverdeado, estava disfarçado de humano e conduzia um táxi.
Conforme me relatou muitos anos depois – o acontecimento virou uma espécie de anedota na família – mamãe pegou o táxi na porta de casa, como fazia diariamente para se dirigir a escola onde lecionava. A certa altura do trajeto, o sujeito, que até o momento parecia tão terráqueo e inofensivo como uma minhoca de jardim, ajeitou o retrovisor, olhou fixamente para mamãe através do espelhinho e soltou:
– Eu não sou daqui!
Até aí nenhuma novidade, o Brasil sempre foi a casa da mãe Joana. E o Rio de Janeiro, em particular, atraía gente de todos os cantos. Afinal, era capital do Brasil, a cidade maravilhosa e, como canta o hino da própria, cheia de encantos mil. Mamãe mesmo, apesar de carioca da gema, era filha de italianos. E o senhor é de onde? – Perguntou, simpática.
– Do planeta Zion, localizado na órbita estelar Alpha3. – Respondeu o confesso ET, enquanto virava-se para trás e depositava sobre o colo de mamãe, totalmente perplexa, um dossiê espiralado sobre o tal planeta.
Para botar ainda mais lenha no pânico que começava a incendiar seu corpo o ET prosseguiu: – na verdade eu sou a alma gêmea deste taxísta e como eu existem muitos espalhados na Terra. Há mais de 1 milhão de anos estamos infiltrados entre vocês, coletando dados, amostras..., pesquisando minuciosamente o comportamento humano e as características do seu planeta.
Mamãe ficou muda de medo, a cabeça em polvorosa, pedindo com toda a força do pensamento para Deus e todos os santos que a livrassem daquele taxista lunático, invasor de corpos, funcionário sideral de um tipo de IBGE interplanetário.
Neste momento o sinal fechou e o ET esticou o braço direito para trás arrancando da boca de mamãe um grito que, de tão estridente, também o fez gritar de susto.
– Calma dona, eu sou um ser de luz, um ser pacífico, só queria lhe mostrar no livro aonde está localizado exatamente o meu planeta.
– Desculpe – disse baixinho mamãe com a voz embargada.
– Sabe, dona, qual o maior problema deste
Depois deste contato de 3º grau, os 5 minutos restantes do percurso foram transcorridos no mais absoluto silêncio. Assim que chegou ao destino o ET parou o carro:
– Pronto, a senhora chegou. Sã e Salva!
– Quanto lhe devo? – Perguntou mamãe abrindo
– Nada, dona. Minha missão na Terra não é ganhar dinheiro. Como já lhe disse é puramente científica.
Vendo que a porta do táxi estava aberta, um rapaz se aproximou, colocou a cabeça na janela e perguntou:
– O senhor está livre?
– Um momentinho, por favor. A senhora já vai sair.
– Vamos dona, deixa o livro no banco e vai embora, o passageiro está esperando.
Mamãe saltou do táxi meio desconcertada, com as pernas bambas e o dinheiro na mão.
Não cobrar a corrida, definitivamente, não era deste mundo.
porra, mas q merda.
ResponderExcluir