James V. Connell, esse sujeito da foto, era então um estudante na Universidade de Michigan. Na época se acreditava que o aprendizado criava novas sinapses, por onde trafegava a memória. James resolveu fazer uns testes e pegou umas planárias, umas minhocas achatadas, bichinho com sistema nervoso bastante simples, para saber se elas seriam capazes de aprender alguma coisa. Bolou um esquema assim: colocava uma planaria numa bandejinha com água. Aí, acendia duas luzes fortes e dava um choque nela, que se contorcia toda. Depois de fazer isso umas 100 vezes, bastava acender as luzes e a planaria já se contorcia. Ou seja, ela aprendia sim algumas coisas (luz=choque e James=malvado). Até que um dia, nosso carrasco de minhocas lembrou que as planarias tem uma habilidade incrível: você as corta no meio e crescem duas.
-”Hummm, e se eu cortar uma já condicionada? Será que as duas planarias que crescem de cada pedaço também vão se contorcer se eu acender a luz?”
Ele achava que não. Mais provavel que só a que cresceu a partir do pedaço com cabeça. Mas para sua surpresa, ambas se contorciam. Pirou.
-”Então a transferência de memórias não é pelas sinapses. O aprendizado deve ficar nas células, provavelmente em um nivel molecular”.
Mas era impossível isolar esse elemento para comprovar sua descoberta. Foi então que James lembrou de outra característica peculiar das planarias: o canibalismo. E passou então a servir filezinho de planaria treinada para planarias não-treinadas. Os resultados não podiam ser mais animadores: foi um festival de contorcionismo.
A comunidade científica enlouqueceu e ficou completamente dividida. Com o passar dos anos James foi ficando cada vez mais excentrico e até criou uma revista chamada Worm Runner’s Digest, onde misturava artigos científicos junto com cartoons sobre planárias (quanta credibilidade!). E alguns anos depois, com muitas repetições da experiência e com cada vez menos seguidores, chegou-se a conclusão que James interpretou mal suas observações. Provavelmente, de tanta vontade de enxergar uma planaria se contorcendo, qualquer reboladinha era mal-interpretada como uma reação.
Sim, o post é longo e bizarro, mas é que essa história é bem divertida. Mostra o quanto a gente gostaria mesmo de ter uma injeção de sabedoria pra poder pular a parte chata que é a aquisição, o aprendizado. Poder tomar uma injeção chamada “4º série B” e passar o resto do ano na praia. Ou “os melhores livros de 2009″. Ou “soluções para otimizar a presença da sua marca nas redes sociais”. Mas isso só pra quem ainda não entendeu que o processo é sempre melhor que o produto (porque é final) e que descobrir é mais gostoso do que saber.
Ou não. Update or Die.
Manda aí uma de Italiano.
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